Este foi o desafio lançado: a partir de algumas sugestões de inícios de histórias já existentes, escolher um e desenvolver um texto original. Partilhamos alguns desses textos, realizados por alunos do 2º e do 3º ciclos. Apreciem.
O VENTO DA VIDA
É inacreditável! Quem é
que me explica o que aconteceu? Já é o terceiro dia que passo deitado no sofá,
e tremo de medo. Não compreendo nada. (in
Como se chama, Daniil Harms)
Sinto-me tão sozinho, com
medo… É algo que não consigo explicar. Será que estou a morrer? Será que é a última
vez que vou respirar, sorrir, estar com a família? Sei que estou velho, mas
ainda tenho muita coisa para fazer e dizer aos que mais amo. Não me posso ir
assim. Tenho de ter forças e aguentar só mais um pouco.
Ai!… Ainda me lembro daquela
altura em que te conheci, daqueles teus olhos azuis que me faziam lembrar o meu
tempo de marinheiro, o céu que me guiava para o além… Quando não tinha sono, lembrava-me
do teu riso, dos teus sonhos, das tuas mãos rugosas mas suaves. Recordo-me de
quando a Clara, a nossa neta, nasceu… O tempo passou tão rápido… Já tem oito
anos! Tem os teus traços, sabias? Sei que o tempo não te deixou vê-la crescer,
mas ela pergunta muitas vezes por ti de como eras e de como serias se
estivesses cá. Ela tem uma paixão por ti tão grande!... Sinto saudades… Saudades
de ver a família aqui, todos a comer, a sorrir… Agora sou só eu. De vez em quando
aparece aqui gente, mas a maior parte do tempo que passo é sozinho, a falar
para ti como se estivesses ao meu lado. É uma idade bonita… mas triste. A memória
e a alma é tudo aquilo que resta neste corpo velho e enferrujado… Ainda não sei
o que se passa, não entendo nada, o porquê de estar neste estado há três dias,
sem poder comer nem pedir ajuda, pois sei que ninguém iria ouvir.
Já estou cansado de falar.
A boca começa a ficar seca e o meu respirar está a abrandar cada vez mais. O
que menos esperava está prestes a chegar, mas ao mesmo tempo quero ir para te
ver, para falar contigo, abraçar-te, chorar e rir. Digo um adeus a todos os que
amo, que a saudade vai ser imensa e a dor de vos deixar a chorar e de vos ver
vestidos com cores escuras vai partir-me o coração em pedaços. Mas a escolha
não e minha. E vou dizer olá a alguém que espero ver há já algum tempo. Adeus a
todos vocês… Com um enorme carinho do vosso avó e pai… Manuel.
Ana Rita Rocha, 9ºVC
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A
HISTÓRIA DO PEQUENO POLEGAR
“Mal sabia o pequeno Polegar, quando,
abandonado na floresta, espalhava pedrinhas para assinalar o seu caminho, que
era seguido por uma avestruz que devorava as pedrinhas uma a uma. A verdadeira
história é esta, e foi assim que aconteceu...” (in Histórias
para meninos sem juízo, Jacques Prévert)
O pequeno Polegar teve uma grande discussão
com os seus irmãos - o Indicador, que trabalhava na receção da Escola dos
Dedinhos a contar os alunos, o Mal Educado, que era o irmão do meio, o Anelar,
que era o mais velho e já estava casado, e o Mindinho, que era tão novinho que
ainda nem sequer sabia falar. A discussão é um pouco encadeada, pois os irmãos
nunca se deram bem, e os pais, a Mãe Direita e o Pai Esquerdo, discutiram por
causa deles, atribuindo os problemas de educação um ao outro:
- A culpa é tua, pois enquanto eu trabalho
no barbeiro com a minha máquina corta-unhas tu estás a ver as telenovelas no
sofázinho e os nossos dedos andam á batatada! – insulta o Pai Esquerdo.
-Tu falas muito, mas enquanto eu cuido dos
dedos, tu em vez de trabalhares andas a dedilhar -namorar- com a Srª. Ambidestra!!
Depois os filhos seguem a má educação do Pai, claro!!! - defende-se a Mãe
Direita.
Também os filhos discutem entre si, devido à
discussão dos pais:
- Estás a ver? A culpa é tua, ó Mindinho, tu
estás sempre a chorar! – reclama o Mal Educado.
- A culpa é de vocês todos, que enquanto eu
estou em casa da Menina Anelar- a mulher do Anelar- vocês estão cheios de
ciúmes…- ia dizendo o Anelar. Porém foi interrompido.
- Está calado, ó velhote, enquanto estamos
aqui em casa tu estás a dedilhar com a Menina Anelar em vez de ajudares a mãe,
ó inteligente! – diz o pequeno Polegar que já não aguentava que o Anelar pensasse
que era mais inteligente por ser mais velho.
Ora, quer pelos irmãos, quer pelos pais, o
insulto foi muito levado a mal, e foi castigado. Não consegui perceber por que
é que foi castigado, se pelo barulho, se pelos risos dos irmãos. O que é certo
é que ele mal percebeu que ia ser castigado pegou na sua mochila, que tinha o
lanche da escola, e fugiu para a floresta, com um objetivo: ir viver para a
Mansão Polegares, uma lenda na qual todos os Polegares (sim, apenas os
Polegares) acreditam, pois acreditam que tudo o que lhes dizem é fixe.
Agora, porque foi ele para o meio de uma
floresta apenas com um lanche da escola, à procura de uma mansão que nem sequer
sabe se existe, apenas por causa de um castigo? De novo a história está
encadeada. Sempre que há problemas em casa, os Polegares são culpados pelos
pais, e o nosso Polegar não era diferente dos outros. Farto dos problemas,
decidiu ir em busca da Mansão Polegares a fim de, claro, ter uma vida livre de
qualquer culpa. Tal como diz a Lei dos Polegares que residem na mansão: «A
Mansão Polegares não tem nem tribunal nem sequer a palavra culpa.»
Bem, agora vamos descobrir a história desta
aventura de 4 dias, através do diário do Polegar. Espero que gostem! Encontramo-nos
no final da história. Quer dizer… quando os apontamentos do diário acabarem.
«Diário do Polegar»
«Dia 1
Dia da fuga e do início do rumo à Mansão
Mindinhos. Vou pela Floresta dos 7 Receios até á mansão, deixando pedrinhas
pelo caminho, desde o início da floresta até lá, para não me perder.»
Upps!
Esqueci-me de vos dizer que os apontamentos
estão corrigidos pois ele ainda não sabe escrever bem. Anda no 1ºano e ainda só
tem 6 anos. Pronto, é a única informação necessária neste momento.
«Dia 2
Acabou-se o lanche, mas encontrei umas bananas!
Já vou a meio do caminho, pois apanhei boleia nas lianas dos macacos e no dorso
do urso, e agora vou ver se arranjo boleia no dorso da chita.
Dia 3
Têm andado uns helicópteros à procura de um Polegar
na Floresta. Eis o que dizia no helicóptero: POLEGAR VEM PARA CASA NÓS
PERDOAMOS-TE. Será que há outro Polegar na Floresta ou andam à minha procura?
Bem, pelo sim pelo não, vou continuar o meu caminho pelas lianas, pois estou
mais escondido debaixo das árvores.
Dia 4
Estou quase a chegar à …»
Bem neste momento o nosso Polegar foi
resgatado pelos seus irmãos, que estavam no helicóptero, mas como estavam
fartos dele, sem os pais repararem, cortaram a corda, abandonando o Polegar na
Floresta dos 7 Receios. Quando deram conta (os pais) perguntaram aos filhos:
- O Polegar??
- Caiu - diz o Anelar, que o abandonou por
vingança.
Sendo o mais velho, os pais acreditaram
nele.
Enquanto procuram o nosso pequeno Polegar,
este encontra as suas pedras e segue a sua rota até á mansão, marcando de novo
com pedrinhas o seu caminho. Porém agora não temos mais acesso ao diário, pois
a caneta do Polegar acabou.
Segundo a avestruz, que foi mandada pela
família do Polegar para o encontrar, o relato é o seguinte, mesmo com palavras
dela:
- Ia procurando-o
e pelo caminho encontrei umas pedras. Bem… muitas pedras. Quando dei conta, havia
uma fila delas. Não resisti à tentação, tive de as devorar. Caso não saibam,
tenho uma doença - a devoritite litósfica - não deve ser nada, pois procurei na
minha enciclopédia e nada encontrei. E quando dei conta ia na 543ª pedra, quer
dizer, pedrinha, pois era tão pequena… Enfim, decidi pegar no meu saco e
guardá- las para quando encontrasse o Polegar e viesse embora. Como me disse o
meu pai, «Hoje comes, guardas para amanhã, pois não sabes o que aí vem». Ia
cada vez mais perto de ver o fim das pedrinhas, quer dizer, do circuito das
pedrinhas. O meu relógio já marcava 79 km! Chegou o fim das pedrinhas.
Encontrei um Polegar e perguntei se era o Polegar. Que pergunta estúpida, visto
que ele era um polegar. Também ele ficou confuso, então expliquei-lhe tudo. Confirma-se:
Polegar Direita da Esquerda encontrado. Levei-o até casa em quatro dias. Coitadinho…
estava tão cansadinho! Tive pena dele, ele…
- Siga com a história, ignore os detalhes e
vá direta ao assunto! – interrompi. Não aguentava ver aquela avestruz
engolidora de pedras chorar, parecia que até as lágrimas eram de pedra.
- E ele pelo caminho contou-me o porquê de
fugir de casa, que é…
- Já sei, li o diário que ele me mostrou –
interrompi de novo. Não quero que leiam um testamento, mas sim uma curta
história, comparada às outras de 134 páginas, e daí em diante… Enfim, vamos ao
assunto.
- Entreguei-o aos pais, teve um castigo, mas
não fugiu de casa. Um castigo não muito duro - teve que limpar e consertar tudo
o que ao sair de casa e ao fugir derrubou, dado que ninguém limpou, porque
estiveram à procura dele. Já o Anelar…foi preso por 12 anos, por abandono
intencional de um menor, e por mentir aos pais.
Bem, eu abreviei, pois, a avestruz é muito
ligada a detalhes, contou-me todo o julgamento, vejam só.
Depois de todo este insólito, tudo ficou
resolvido e algo mudou. O Governador Braço alterou a Constituição, criada em
1900 a contar pelos dedos das mãos, mudando a Lei nº143 artigo 89 que passou a
dizer que os Polegares são tantas vezes culpados quanto os outros dedos, ou
seja, os Polegares não deverão ser culpados e julgados sem devidas razões, e os
castigos deverão ser iguais aos dos outros dedos.
O Polegar tirou boas notas na escola,
doutorou-se em Direito e é neste momento considerado o melhor juiz da Cidade
dos Dedos, sendo o mais justo e fiel à constituição da Cidade. Casou-se com a
Polegar com Unhas de Gel e teve um filho, também ele polegar, que se chama
Polegar com Unhas da Direita. Hoje tem uma vida feliz, com a sua esposa e o seu
filho.
E pronto, aqui encerro a minha fábula/conto/história, e neste finalzinho, para alimentar a vossa curiosidade, digo-vos só que a história de fugir de casa repetiu-se, mas desta vez para ir ter com uma menina polegar - a Polegar Unhas Rosa. E quanto à Mansão Polegares, é o lugar onde nos sentimos bem, aconchegados, acompanhados da nossa família. A nossa casa.
Henrique Ferreira,
8ºVB
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“Aquele
leão era mesmo convencido.
-
Sou rei dos animais – rugia, sentado no rochedo que lhe servia de trono.
E os bichos encolhiam-se porque ele é que mandava naquelas terras como antes tinham mandado o seu pai e o seu avô.” (in O livro das datas, Luísa Ducla Soares)
O LEÃO CONVENCIDO
Há muito, muito tempo, havia no meio da
savana um leão que era muito convencido. Estava convencido que iria ser rei
para sempre, e rugia no seu trono:
- Sou rei dos animais! Sou eu que mando
nestas terras, tal como mandaram o meu pai e o meu avô!
E é claro que todos os bichinhos se
encolhiam porque sabiam que, naquela altura era ele que mandava ali, e quem não
obedecesse às suas ordens era logo condenado à prisão.
Ultimamente, o rei estava a ser mesmo muito
mau com os seus súbditos. Então, uma noite, um grupo de hienas roubou-lhe
sorrateiramente a coroa enquanto ele dormia. Mas, quanto elas se preparavam
para fugir, um guarda búfalo apanhou-as e as hienas foram presas.
Mas haveria eleições em breve. O Tigre,
que era um candidato para a liderança, quando vieram as eleições, ficou logo em
primeiro na primeira votação. O leão sabia que tinha de fazer algo para se
queria continuar a ser rei. Pensou bastante e soube o que ia fazer. Chegou ao
palco e disse:
- Eu apercebi-me do meu erro...
Os animais pensaram que o rei ia prometer
que não ia mais ser mau para os outros animais, mas ele acrescentou:
-
EU VOU COBRAR MENOS NOS IMPOSTOS!
E já sabemos quem ganhou as eleições: o
Tigre, porque os animais não queriam saber do dinheiro, queriam um rei que
fosse bom para os animais, que não gritasse a toda a hora. Queriam um bom rei.
Quanto ao leão…. Bem, este aprendeu a lição: pensar duas vezes antes de fazer o que quer que seja, ou sofrer as consequências.
Tiago Costa, 5ºRC
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É inacreditável! Quem é que me explica o que aconteceu? Já é o terceiro dia que passo deitado no sofá, e tremo de medo. Não compreendo nada. (in Como se chama, Daniil Harms)
Esta pandemia entrou na minha vida sem eu pedir, e não me deixa descansar. Estou sempre á espera de notícias más, não posso conviver com as pessoas que mais gosto e admiro, como é o caso dos meus queridos avós, das minhas amigas do andebol, da escola, da catequese… Enfim, tudo mudou.
Vivo com a constante preocupação de desinfetar as mãos, de colocar a máscara de forma correta… Que triste é esta nova realidade em que vivemos!
Como uma criança de 11 anos que sou, digo-vos que a Covid-19 mudou a minha rotina. Contudo, também me deu a oportunidade de estar mais com a minha irmã e com os meus pais e de passear a pé pelos montes perto de minha casa.
Decidi sair do sofá, deixei de ter medo e parti à aventura com a ajuda do meu pai. Construí um circuito pedonal que termina num baloiço com vista para a minha cidade. Calcei as galochas, vesti a minha pior roupa e confesso que me diverti muito. Entre lama e ramos no chão, as pedras nas galochas, os sorrisos eram o mais importante e constantes. Tentava ultrapassar cada adversidade que encontrava e, no final, o desafio estava concluído.
Matilde é o meu nome, 11 a minha idade, coragem a minha virtude e Covid 19 a minha realidade.
Deixemos os nossos olhos sorrir.
Matilde Nogueira, 6ºRB
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As aventuras de Jorge
“Ao canto, junto à janela, sentado no
sofá de pele preta, o último cliente fita as mãos, postas em concha no regaço.
Tem os ombros descaídos e a cabeça baixa; mal se dá por ele na sala de espera
ampla, neste fim de tarde cinzento.” (in Como outro
qualquer, Ana Saldanha)
O seu nome é Jorge, ele parece estar triste com algo, mas ninguém repara… Ele está à espera para cortar o cabelo, quando uma mulher muito feia sai de uma salinha e diz:
— Tu, aí no canto, entra!
Jorge
entrou e viu uma sala negra, com paredes cobertas de ingredientes estranhos e
um caldeirão no centro.
—
E…eu pensava que vinha cortar o cabelo, lá fora diz que ist…
—
Eu sei o que diz! Mas não te mandei embora porque sei que precisas de alguma
coisa! Algo te incomoda, algo te deixa triste…
—
Tens razão, é que parti à aventura recentemente aqui em Itália, não tenho como voltar para casa! Só queria voltar
para casa! Voltar a ver a minha família em Portugal!
— Então, eu concedo-te esse desejo!
Entra! — disse a mulher feia apontando para o caldeirão, sorrindo maliciosamente…
A princípio Jorge estranhou ter de entrar no caldeirão, mas
lá aceitou. A senhora murmurou umas palavras inaudíveis e o caldeirão sugou-o.
Passados alguns segundos, deu por si numa gruta, em qualquer parte do mundo que
ele não conhecia.
— Onde estou?
— Estás no Canadá — respondeu uma voz do outro lado da gruta.
— Quem está aí? — perguntou Jorge virando-se lentamente e
vendo um par de olhos incandescentes.
—
Sou o Pedro — disse avançando, mostrando-se, um urso grande e castanho —
Espera, és um humano? Não costumo ter visitas destas por aqui!
—
E…eu sou o Jorge e sim, sou um humano. Acho que fui enganado por uma senhora
que prome…me…teu que me levava a casa… — gaguejou ele, recuando.
—
Prazer em conhecer-te Jorge. Não precisas de fugir que eu não te faço mal, ao
contrário de muitos outros. Queres chá?
—
Até que não vinha a calhar mal, pode ser, está um frio desgraçado!
—
É caso para dizer, bem-vindo ao inverno do Canadá! — ironizou — Que é que
estavas a dizer sobre uma tal senhora que te enganou?
—
Bem, eu fui a uma suposta barbearia, para cortar o cabelo. Eu era o último cliente
do dia e ela mandou-me entrar. Quando eu entrei, ela disse que tinha reparado
que eu estava triste e eu disse que queria voltar para casa. Depois, quando dei
por mim, estava aqui!
—
Bruxas… — reclamou, ao mesmo tempo que servia o chá — É impressionante, elas
enganam as pessoas e levam-nas para lugares onde acham que vão destruí-las!
Enganou-se em relação a mim! Não sou esse tipo de urso!
—
Como é que sabes tudo isso sobre as bruxas?
—
Bem, tenho de admitir que quando era pequeno abri a porta da casa de um humano.
Lá dentro tinha um jornal e eu li um artigo sobre as bruxas, mas já foi há
tanto tempo que ninguém, além de mim, se deve lembrar.
—
Será que me podias ensinar mais sobre elas?
—
Claro! Elas usam sítios disfarçados como barbearias e cabeleireiros para atrair
as pessoas e mandam-nas para lugares onde acham que vão destruí-las.
—
Essa parte eu já percebi.
—
Elas querem destruir as pessoas porque querem que o mundo seja dominado por
bruxas!
—
Ah! Mesmo assim continua a ser estranho…
—
Olha, tu não querias voltar para casa? Mas onde é a tua casa?
—
É em Portugal.
—
É um país muito bonito! Vi fotos numa revista. Se quiseres podes apanhar um
barco para lá. Vai partir um amanhã!
—
Eu quero ir para casa, mas quero dar uma lição àquela bruxa primeiro!
—
Boa! É esse o espírito! Mas onde é que ela te fez isso?
—
Foi em Itália.
—
E o que é que tu estavas lá a fazer?
—
Eu parti à aventura, e depois não tinha como voltar para casa!
—
Está bem, está bem! Daqui a três dias parte um navio para Itália.
—
Como é que sabes os horários dos navios todos?
—
Eles anunciam na rádio para as pessoas saberem e eu tenho um rádio.
—
Até lá posso ficar aqui?
—
Claro! Fazes-me companhia! — respondeu o Urso Pedro, animado.
No
dia seguinte, acordaram cedo para preparar o pequeno-almoço. Pedro cantava
alegremente enquanto fazia as suas fabulosas panquecas.
Quando
acabaram de tomar o pequeno-almoço, arrumaram a loiça e começaram a pensar num
plano para neutralizar a bruxa:
—
Eu acho que devíamos empurrá-la para dentro do próprio caldeirão e mandá-la
para cá. Os meus amigos tratam do resto! — sugeriu o Pedro.
—
Concordo. Mas como? — questionou o Jorge.
—
Elas têm a poção já preparada, é só dizer o lugar: Canadá.
—
Deixa-me adivinhar, aprendeste no jornal?
—
Sim… — disse, fazendo Jorge rir.
Dois
dias se tinham passado e o plano estava decidido, Jorge ia para Itália no navio
e ia mandar a bruxa para o Canadá. Depois ele ia fazer evaporar a poção e ia
para casa noutro barco que ele descobrisse.
Jorge
entrou no navio às escondidas de todos, escondeu-se no meio da mercadoria e
ficou lá. De vez em quando ia roubar um pouco de comida porque já estava esfomeado.
Quando
desembarcaram, foi devagarinho para ninguém o ver e começou a procurar a
maldita bruxa.
Passados
dois dias, finalmente encontrou a bruxa na sua “barbearia”. Atirou-a para
dentro do caldeirão com toda a força que pôde e disse:
—
Canadá!
Rapidamente
a bruxa foi sugada e transportada para o Canadá, onde os amigos do urso Pedro
estavam à espera dela, pregando-lhe um susto e fazendo-a prometer que nunca
mais ia tentar destruir ninguém.
Jorge
voltou para casa, são e salvo, noutro navio, e viveu feliz para sempre em
Portugal, com a sua família!
Filipa Dias, 6ºVA
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