Textos cada vez maiores...

 O desafio era este: começar com uma palavra e ir dobrando o seu número, num exercício desbloqueador da escrita. Os resultados surgiram, com a qualidade e a criatividade que podem comprovar. Parabéns a estes nossos participantes do ensino secundário!


Francisca Alves, 10ºVA

Acordou.

Quem? Onde?

Lentamente, abriu os olhos.

Habituando-se à luminosidade, começou a observar a paisagem.

Um bosque. Sentia a erva com orvalho a roçar-lhe os tornozelos descalços; o vento sibilava, misterioso.

Ouvia o cantar dos pássaros ocultos nas copas das árvores verdejantes. Ouvia também outro som, que rapidamente reconheceu como sendo o de água corrente. Um rio? Curiosa, caminhou em direção ao som.

O trilho era plano, a relva e vegetação cuidadas como uma espécie de jardim. Não havia uma única nuvem a manchar o azul do céu; o sol brilhava, radiante. Uma paisagem tão perfeita e pacífica que não se surpreenderia se lhe aparecesse uma fada. Enquanto tinha estes pensamentos, o som da água tornava-se mais e mais intenso. Mas quando chegou ao riacho, parou, chocada.

À esquerda o terreno subia, e descia para a direita. E, no entanto, o rio corria em direção às colinas. Moveu-se lentamente em direção à água cristalina. Viu o reflexo de uma bela jovem, com cabelo loiro cuidado, cortado pelos ombros, uma franja reta. Foi rapidamente interrompida por um barulho vindo dos arbustos. Avançou, cautelosa; e, quando estava a um passo da vegetação, algo saltou dela diretamente para a sua cabeça. Ela gritou e deu um salto para trás. A medo, tocou no bicho, ainda em cima de si. Tinha pele macia, com pelagem curta e sedosa. Vendo que o toque não produzia resposta, agarrou-o com a outra mão e levantou-o. Era leve, algo mole e muito fofo. Pousou a criatura no chão, com apreensão cuidadosa, e observou-a.

De violenta e assustadora, esta não tinha nada. Na verdade, era bem adorável: olhava-a com curiosidade uma espécie de gato preto, com pelo mais raro e curto que o normal, e uns grandes olhos sonhadores. Que rapidamente ganharam um tom irritado. “O quê, nunca viste?” - para surpresa da menina, era o gato que falava. Olhou-o, pasmada. “Segue-me.” – replicou o felino, com um suspiro. Começaram a caminhar em direção às colinas; o gato ia-se explicando. “O meu nome é Ben. Deves estar a perguntar-te que sítio é este. Estamos no Bosque Desencantado, e este é o Rio Contrário. Se seguirmos a corrente durante alguns quilómetros, chegamos à Gatunlândia, a cidade dos Gatos Falantes, a minha espécie.” Ben contava à menina a história da cidade, como os seus antepassados tinham conquistado aquele pedaço de terra num fim-do-mundo e transformá-lo numa cidade cosmopolita cheia de luz e de vida. “O nosso líder, Dante Felinstein, irá explicar-te o motivo de estares aqui, mas ele é um pouco… err… bem, já vais ter o prazer de o conhecer. Já estamos quase lá.” E estavam, de facto. Já se começavam a ver luzes e colunas de fumo ao longe. Mais alguns minutos a caminhar e a menina começaria a ter uma visão mais nítida da cidade: arranha-céus de chapa erguiam-se, luminosos, com uma beleza algo brutesca, cercados por veículos aéreos e vapor. Tudo era vapor, luzes e chapa: o perfeito exemplo de uma cidade steampunk, diretamente saída de um conto distópico. Via centenas de Bens com óculos de aviador e gabardines.

Estes conversavam e conduziam mini aeroplanos a vapor, aterrando em cervejarias publicitadas por enormes sinais vermelhos, piscando incessantemente. Tubos de cobre e passadeiras hidráulicas serpenteavam por tudo o que era espaço livre na urbe. Nestas, trabalhadores cansados comutavam do trabalho para casa, depois de um longo dia a produzir peças metálicas para máquinas a vapor em máquinas a vapor metálicas. A menina estava demasiado imersa nos sons e luzes da cidade para refletir sobre a sua assustadora falta de floradd. Mal pôs pé debaixo do enorme letreiro de entrada da Gatunlândia, Ben e a companheira foram recebidos por uma pequena aeronave, com asas de couro, conduzida por um robôzinho engraçado, com uma lâmpada em vez de cabeça. “Entrem.” – soou uma voz metálica pelo altifalante da avioneta. E assim fizeram; em poucos minutos, chegaram ao topo do maior arranha-céus de toda a cidade. Aterrando numa plataforma, um gato-mordomo recebeu-os e conduziu-os a uma pequena sala de espera no seu interior. “Por favor sentem-se. O Dr. Felinstein está à vossa espera.”. Ben pareceu nervoso. De dentro do gabinete, vinham berros; ouvia-se vagamente o que parecia ser um chefe muito zangado a despedir um funcionário muito assustado. E de facto, segundos depois, a porta bateu e uma gata chorosa saiu. “SEGUINTE!” – berrou a voz zangada. Ben e a menina foram conduzidos para dentro do gabinete. Sentado atrás de uma secretária em forma de báu gigante, estava um gato grande, gordo, com uma expressão irritada e pelo malhado como o de um tigre. Fez sinal para se sentarem. Falava rápido, numa voz rouca e grotesca. “O meu nome é Dante Felinstein – para ti, Senhor Felinstein – e sou o presidente da Gatunlândia. Este é o Ben – já conheceste o Ben? - a quem eu ordenei que te raptasse e trouxesse até aqui.” “Raptar? Como assim rap-“ – a menina falava pela primeira vez, numa voz doce e assustada. “Está calada e deixa-me falar. Precisava de mais humanos para operar as grandes máquinas, por isso mandei raptar… talvez sessenta miúdos. Como tu. O teu nome era Mariana e vivias numa casa pobre no Porto. Agora és a operária número 5548.” Ben estendeu-lhe um fato de macaco cinzento-rato e indicou-lhe a porta, murmurando um “desculpa”. Os meses seguintes passaram rápido: uma revolução começava a surgir no seio da fábrica de peças hidráulicas, entre Mariana e as outras crianças. Um dia, decidiram por o seu plano em prática: não ir trabalhar. Enquanto os guardas estavam à sua procura, as crianças voavam até ao topo do arranha-céus de Dante, onde, evitando mordomos e soldados, o raptaram, e abandonaram no meio do Bosque Desencantado, salvando a Gatulândia da sua tirania. Gratos, os gatos pediram a Mariana que ficasse e liderasse a cidade. “Não posso – tenho de voltar para casa. Ben, apesar de tudo, sei que tens bom coração. Por favor, toma o lugar de presidente. Por mim.”. E assim fez. Claro que tudo isto aconteceu há muito tempo, e já ninguém vivo na Gatunlândia se lembra de Mariana – mas a sua estátua de cobre no coração da cidade torna eterna esta história.

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Joaquim Leal, 11ºVB


Chove…

Água cai…

Uma localidade ou acontecimento?

São as duas: uma localidade e um acontecimento.

Não sabiam? Não é freguesia, apenas um lugar da freguesia de S. Mamede de Recezinhos, Penafiel.

Estas duas palavras - “Água cai” - em conjunto têm vários significados. Estamos em Portugal e, por isso, estes são apenas dois deles, sendo um deles bastante desconhecido para algumas pessoas, não é verdade!?

O que é que eu estava a dizer…!?

Já me lembro, estava a falar do tempo. Tenho de arranjar motivo de conversa, pois nunca sei o que dizer quando estou a falar com alguém, ou pelo menos a tentar… Não sou daqueles jovens extrovertidos e muito sociáveis. Prefiro adquirir conhecimento a descobrir coisas, fisicamente ou virtualmente (internet, Youtube, pois não tenho nenhuma rede social).

Tendo em conta que estou a falar dos meus gostos, vou dar-me a conhecer mais um pouco.

Eu considero-me um pouco diferente desta geração a que pertenço. Para além de ser menos tecnológico, e esta é a principal diferença, eu gosto muito de construir miniaturas de veículos e muitas outras coisas, com os mais diversos materiais, mas essencialmente madeira e ferro. Gosto de consertar eletrodomésticos, máquinas elétricas, a combustão, veículos… tudo que eu e as minhas ferramentas permitirem. E também gosto de ler e de escrever poemas, apesar de que desde o fim do 9º ano não tenha tido muita inspiração para tal.

Espero que tenham ficado a conhecer um pouco sobre mim, e se o suposto era escrever uma história, considera-se isto um pouco da minha.

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Diogo Sousa, 11ºVD


Anoiteceu.

Tudo mudou,

algo inexplicável havia acontecido.

Ninguém sabia o que era ou quem era,

todos sabiam que algo não estava certo e que o que aconteceu iria mudar o mundo.


No dia 17 de abril de 109, por volta da 1:43 da manhã, entrou na atmosfera algo nunca antes visto e que não havia sido detetado pela WSO (World Space Organization), aquela

que era a mais sofisticada e mais avançada organização da galáxia. Esse acontecimento viria a mudar a história, e ganhou até o nome “The first cosmic contact”, o próprio nome diz tudo. Nesse dia contactamos pela primeira vez com aqueles que viriam a ser os nossos novos amigos. Hawkes de nome, tinham várias parecenças com uma ave que havia entrado em extinção na Terra,

o falcão - daí o nome Hawkes. Estes não sabiam comunicar através da nossa língua, e foram precisos anos para arranjar um meio para comunicarmos com eles. Foi assim que surgiu o “ MockingBird “, um dispositivo que nos permitia fazê-lo. Este aparelho veio mudar várias coisas na nossa vida, desde a descoberta que estes eram de outra galáxia até mesmo à descoberta de outros tipos de vida no universo.
Atualmente, 22 de maio de 158, podemos observar a cooperação entre Hawkes e humanos, e já conseguimos descobrir mais sete diferentes tipos de seres extraterrestres. Acredita-se que em 200 já sejamos capazes de comunicar com todos, isto tudo graças aos Hawkes, uma vez que, mesmo que por engano, embateram naquele que é o famoso

Planeta

X.

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(Em breve, partilharemos outros textos do desafio)

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